sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Amados Irmãos!*
 
Venho a Natal para me incorporar aos irmãos do Rio Grande do Norte, nesta data,  que o calendário brasileiro reserva para as comemorações do DIA DO MAÇOM. Uma multidão aqui presente, em Sessão Magna Pública, realizada pelas três Potências do GOB, CMSB e COMAB, confirmando as antecipações do profeta Isaias de que “só aos ímpios é impossível a paz de convivência” .
 
Valho-me da oportunidade tão propícia, para falar de fronteiras,  espaços e compromissos que nos dizem respeito e em cujos aceiros nos encontramos.
 
Antes, porém, quero lembrar ensinamentos da filosofia ortegueana que identifica o homem como um ser que veio com a incumbência de  se construir. Um ser que se completa, valendo-se de ingredientes que a circunstância lhe enseja. Uma pedra bruta que não fugirá do destino de, ele mesmo, se lapidar.  O “eu sou eu e minha circunstãncia”, conforme no-lo ensina a escola de Madrid.
 
Como todas as instituições, como toda a humanidade, a maçonaria, para alcançar, com êxito,  seus desideratos,  haverá de desvendar os mistérios da circunstância e de ser obediente ao chamamento dos mesmos. E por ter procedido dessa forma, foi bem sucedida. Granjeou a simpatia dos muitos. Obteve a confiança das multidões no empreendimento de suas missões.  E mesmo sendo um viúva com mais de 6000 anos, ainda desperta, e cada vez mais, tantas paixões.
 
Foi assim em 1817, para falar apenas de sua trajetória no Brasil, quando os que aqui nasciam ainda não tinham direito ao gentílico de brasileiro. Pois brasileiros eram os que roubavam o pau-brasil e vendiam na Europa. Nós éramos simplesmente mazombos, reles seres humanos, pessoas de somenos importância no conceito da Coroa, sem direitos inclusive o de imprimir ou de aprender a ler. Mais ainda: extorquidos de nossas riquezas havia 300 anos.
 
A maçonaria, daqui, da gente, atendendo às circunstâncias e ao espírito do tempo, em que a América Inglesa já se havia  imitido da maioridade política e a América Espanhola estava lutando em vias disso, a Maçonaria daqui, repito, fez uma Revolução e tornou irreversível nossa Independência, que alcançaríamos em menos de 5 anos, irrigada pelo sangue heróico dos que habitavam  esta  região,  construindo-se a pátria dos brasileiros. A Pátria-Brasil, a mais importante das filhas de nossa maçonaria, para cuja construção, dentre tantos outros heróis, OITO insignes patriotas riograndenses do norte ofereceram a vida.
 
Foi  assim  em  1888,  quando    as    circunstancias obrigavam a existência de um tempo de igualdade entre todas as pessoas, não importando a cor da pele; quando humilhavam a “semelhança” de Deus,  falando-se da existência de uma tal  "alma de branco", foi a maçonaria que entrou no embate, e da goela dos maçons saiu o grito da abolição da escravatura. Aliás nisto, destaque-se esta região, porquanto cinco anos antes de 88, já a maçonaria de Mossoró mostrara o espírito daquele tempo, antecipando-se na imposição da liberdade e do respeito à dignidade das pessoas de cor.
 
Foi assim em 1889. A realidade dos sonhos de 1817, pois não era monarquia o que se buscava. Era República, ensaiada desde 10 de novembro de 1710, em Olinda, com Bernardo Vieira de Melo, e implantada em 1817 durante 75 dias, com Presidente maçom, Ministério de maçons, Constituição, liberdade de imprensa e de religião, abolição da escravatura e Universidade.
 
Tudo isto se deveu à maçonaria, ora aqui representada,  neste  evento  de denso simbolismo, que  o escriba venal omitiu da história, cometendo o horrível crime de tentar negar à posteridade o heróico feito de seus ancestrais, aos quais realmente a glória dos feitos era devida.
 
Qual será, então, a circunstância de agora, neste momento em que o futuro já se encontra em nossa sala?
 
Em que ingrediente deve  investir a maçonaria para levar a felicidade às pessoas, num País que é uma ilha cercada de vicissitudes por todos os lados ? Onde a população, nos últimos 15 anos, cresceu de 40 milhões de pessoas, passando de 160 para 200 milhões, e os empregos com uma economia emperrada não cresceram no mesmo ritmo, nem as bancas escolares, nem os leitos hospitalares, nem as possibilidades de segurança, nem a produção alimentar.  Ó tempora! Ó mores!
 
É a sentença das Sagradas Escrituras: “A messe é grande; para tão poucos operários” – 200 milhões de brasileiros e 200 mil maçons. Então qual o ingrediente com o qual haveremos de fazer crescer o contingente de obreiros?
 
Vejamos! O progresso vem da comunhão de todos: a geração da riqueza e o usufruto da mesma, por todos. A contribuição da natureza, o esforço do trabalho e do capital, as condições favoráveis proporcionadas  pelo poder.  E  isto se escreve com as cinco letras, que formam a palavra UNIÃO, magia que se revela na paz de convivência dos fatores a que nos reportamos, especialmente a paz de convivência das pessoas.
 
E nunca se alcançou o progresso que resulta no prestígio e bem-estar de todos, sem a magia da UNIÃO.
 
Foi graças a ela que nosso ancestral David construiu o grande império da antiguidade. E ele bem o disse agradecendo a Deus, ao escrever o canto de gratidão, exaltando o papel da união na geração do bom e do agradável. É ótimo rever o Salmo 133.
 
Até o progresso espiritual, alertou o evangelista João – nosso Padroeiro -, se sedimenta sob o clima  da união, pois segundo sua teologia, o caminho se palmilha com pleno êxito, “quando todos são um só”.    
 
Terminando o século XX, o Papa Paulo VI nos fez um inesquecível legado, ao escrever a carta encíclica Populorum Progressio e nela toda desenvolver o convencimento de que sem a paz de convivência os povos não alcançarão o progresso, nem a evolução, nem o desenvolvimento, nem o bem-estar.
 
A  política  da  desunião  fez  mossa de desgraça na marcha da civilização em todos os tempos. As guerras são exemplo disto. Considerando que o maçom é muito apegado ao mundo salomônico, quero lembrar a desgraça que se abateu sobre seus descendentes, irrigada a desunião em seu seio.
 
Divididos em dois povos se fragilizaram. E foram escravizados pelos Assírios e pelos Babilônios. Um dos seus reis viu os filhos serem mortos a golpes de
espada e ele mesmo teve os olhos arrancados para não ver a beleza da Babilônia onde ele e  seu povo entraram em estado de escravidão.
 
Em 1717, quando a nossa maçonaria foi lançada, o pastor James Anderson compilando as Constituições, escreveu – limpo e puro – o novo costume, para uso de todos: A MAÇONARIA É UM CENTRO DE UNIÃO.
 
Inspirado nisto, recentemente ressaltou o irmão maçom Joseph Fort Newton, em seu livro Os Maçons Construtores (Editora A Trolha)– “a maçonaria não foi instituída para separar os homens, mas para uni-los, deixando a cada um a liberdade de pensar.” E concluiu seu ensinamento com a seguinte profecia: “Num futuro bem próximo, os velhos feudos sectários irão terminar, pois os levantadores dos altos muros começaram a se destruir, ingressando no esquecimento diante da descoberta de que os justos, os valorosos, os bem formados de coração, estão  por  toda parte,  e que quando as máscaras das desinteligências caírem, se conhecerão e se amarão uns aos outros.” Identificando e submetendo os fomentadores da desunião no seio da Ordem. Está em Provérbios: ”Para não limitar o campo de ação de sua mãe viúva, Deus castigará severamente o filho soberbo que prega a desavença.”  (Prov 15, 25)
 
Se a messe é grande como é, e os obreiros são tão poucos, só a UNIÃO será o fermento que os multiplicará para atender às circunstâncias do espírito do tempo.
 
Está é a mensagem que deixo, para reflexão, nas comemorações do DIA DO MAÇOM  do ano de 2014.
 
Quero agradecer em meu nome e em nome dos outros  irmãos que foram distinguidos com as medalhas de mérito maçônico, no dia de hoje, concessão da bondade dos líderes da maçonaria potiguar que regem os destinos do Grande Oriente do Brasil – o arrojado e intimorato Ir Miguel Rogério de Melo Gurgel, Eminente Grão-Mestre; da Grande Loja Maçônica, o sábio e acolhedor Ir Roberto Di Sena; e do Grande Oriente Independente, o dinâmico e indormido líder Ir Antônio de Brito Dantas, que imprimem, nestas plagas, respeito e admiração à Ordem. A certeza é que a bondade que neles  predomina  é muito maior que o merecimento dos agraciados. Sou grato por isso, por tamanha deferência. Estamos agradecidos. E despertados para o que fizemos de pouco mas que deveríamos fazer de muito. O exemplo será nosso sermão. Como a gratidão, a memória de nossos corações.
 
Agradeço aos  Grão-Mestres das três Potências signatárias do Tratado de Amizade que faz unida a maçonaria norte-rio-grandense, pelo convite que me fizeram de  vir aqui, nesta data, e proferir esta palestra. Gratíssimo pela consideração que tanto me honra.
 
Parabenizo cada um dos irmãos, pela feliz condição de ser maçom, cujo DIA hoje comemoramos. Que o Grande Arquiteto do Universo nos proteja agora e sempre.
 
Era o que eu desejava dizer. E disse. 
     
(*) Discurso do Ir Antônio do Carmo Ferreira, na sede do GOIERN, em 20 de agosto de 2014, durante  Sessão Magna Pública comemorativa do DIA DO MAÇOM..
 

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