Perdoem-nos
Feliz daquele que pode todas as noites adormecer dizendo:
nada tenho contra o meu próximo. Considero sagrada e merecedora de respeito
todas as crenças. Na verdade, as pessoas com religiosidade conseguem viver
mais, porque uma de suas características é perdoar. Não importa qual seja a
religião.
A Maçonaria nos ensina que o perdão é estado de ânimo em que
se encontra alguém ao ser perdoado. O pecado, na Religião, é um agravo de Deus,
e o perdão consiste em não se considerar Deus agravado.
Estar com a mente sã e sem mágoas é uma ótima receita de
prevenção. Perdoar é um bálsamo para o espírito e para a saúde. Cultivar
ressentimentos tende a se tornar um processo mórbido, pois fixa as pessoas num
determinado ponto do tempo ou da vida, que limita horizontes e fecha
possibilidades.
Perdoar significa, sob alguns aspectos, encerrar uma
história marcada pela dor e libertar-se para que a vida possa seguir por
caminhos mais promissores. Remoer o que já aconteceu e viver em função disso
atravanca a mente e as possibilidades de ser feliz.
Na oportunidade, não podemos esquecer as lições de nossa
própria história e de pedir ao Grande Arquiteto do Universo que nos perdoe e
nos absolva pelas ofensas que lhe fizemos. Todos brigam, pai com filho, mãe com
pai, irmão com irmão, mas quando descobrem que o perdão tem gosto de infinito
ou gosto de céu, tudo é retornar à paz.
Perdoe-nos por termos ingressado na Ordem, possuir Diplomas
e insígnias para sermos Maçons e termos tido todas as oportunidades para
construir o “Nosso Templo” e tal fato não ocorreu. E, apesar das oportunidades
de estudos e termos galgado os mais altos graus, não absorvemos os seus
ensinamentos;
Perdoe-nos por termos feito comentários desairosos,
promovendo a discórdia entre irmãos e contra administração de nossa Loja, tendo
sido indiferentes e buscando apenas distração, ironizando aquilo que não
pudemos conceber;
Por termos costumeiramente colocado a mão vazia no tronco da
beneficência, por achar que o óbolo não seria bem usado, faltando assim, aos
princípios da Caridade de nossa Instituição, esquecendo-nos que existem irmãos
e tantos seres humanos necessitando de amparo material que podemos dar;
Pelas reuniões inócuas, resultando apenas num convívio
social sem outros compromissos, se não um encontro entre amigos, como se fosse clubes
recreativos, não produzindo frutos qual é nosso papel de construtores de uma
sociedade sem discrepâncias sociais;
Pela vaidade e pela falta de saldar nossos compromissos com
a tesouraria e de assiduidade às reuniões, só aparecendo na Loja em dias de
festa;
Por considerarmos sagradas somente nossas próprias crenças
desprezando a santidade do credo alheio;
Por deixarmos nosso idealismo descambar em fanatismo;
Por agirmos com insensibilidade aos sentimentos dos outros,
fazendo o que não gostaríamos que fizessem conosco;
Por esquecermos as lições da nossa própria história e a dor
que sentíamos quando outros nos ridicularizavam, desacreditando naquilo em que
acreditávamos, porque não alcançamos aquilo que nossos próprios merecimentos
negam;
Por não termos despido de nós as roupagens da vaidade, da
soberba, da arrogância, da presunção e da prepotência, como também da inveja,
da ira, do rancor, da mágoa, do ódio e do ressentimento, que nos envenenam,
matando-nos devagar, tornando-nos verdadeiros suicidas;
Pela falta de coragem de olharmos bem para dentro de nós,
como juízes severos e justos, para vermos claros os nossos defeitos e então
podermos eliminá-los por meio do exercício de boas qualidades que abriram para
nós as portas da Maçonaria;
or não termos desempenhado com seriedade as tarefas que na
realidade nos competem e com as quais estamos como necessários, ajudando este
mundo a ficar melhor;
Por não procurarmos o nosso próprio aperfeiçoamento e assim
melhor servir a Maçonaria como realmente ela de nós espera;
Por termos mostrado descontentamento por não serem nossas
idéias aceitas, ou de algum modo não nos terem notado;
Por não termos visitado e nem assistido os nossos irmãos e
seus familiares necessitados nas suas tribulações, nos seus lares, nos
hospitais e até mesmo na sua passagem para o oriente eterno;
Perdoe-nos, por não havermos perdoado do íntimo do nosso
coração como gostaríamos de sermos perdoados pelo nosso irmão;
Por não termos feito o bem que podíamos e assim violamos o
mandamento de nosso Livro da Lei - “amarás o próximo como a ti mesmo”;
Por colocar pedras no caminho e nos omitirmos no apoio do
empenho do irmão que tem interesse por reconciliação, empregando a crítica
negativa onde poderíamos tê-la usado na reconstrução ou reconciliação;
Por termos a consciência de que a sociedade em que vivemos
está longe do desejável e mantermo-nos passivos e acomodados, nada fazendo para
construção de uma humanidade mais justa e feliz;
Por aceitarmos esses falsos administradores de nosso País e
achar que tudo está perfeito, e por nos tornarmos passivos e concordatários com
tudo o que está se passando, como se nada estivesse acontecendo;
Por imaginarmos que precisamos dos órgãos físicos depois de
mortos, recusando-nos a doá-los em compromisso para que alguém viva;
Por irmãos profanos do mundo inteiro, pelas graves ofensas
que lhes fizeram alguns maçons;
Por nos esquecermos de perdoar, não sete, mas setenta vezes
sete, àqueles que nos ofenderam; Pois até o direito de errar é sagrado, desde
que o indivíduo assuma as conseqüências do que foi praticado. Por isso sempre
que oramos o Pai Nosso, pedimos a Deus que perdoe a nossos ofensores como
perdoamos a quem nos tem ofendido.
Por isso, ó Grande Arquiteto do Universo, Deus de
misericórdia, perdoe-nos por ainda não conhecermos as bênçãos do Perdão, pois
como dizia São Francisco de Assis, é perdoando que se é perdoado. Portanto,
meus irmãos, perdoem sempre e terás muito mais vida e felicidade.
Naur Soares de Araújo
Obreiro da ARLS Independência n° 119 – Or.•. São Paulo
Baseado na crônica do Ir.•. Valdemar Sansão