sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Grão-Mestre do GOIPE esteve ontem à tarde toda no Colégio Divino Mestre, fazendo palestra sobre a contribuição da maçonaria de Pernambuco para com a Independência do Brasil.

Todo o auditório preenchido com Professores e alunos do curso médio.
Além da especial assessoria do Grão-Mestre, com destaque para os irmãos José Américo Soares, Jailson Santana, Cel Guarines (Candidato a Deputado Estadual), Leonardo Moura, Waldemir Antunes, Agrônomo José Antônio e Junior Secretário da Tradição
Escocesa.

Os maçons do GOIPE foram recebidos de forma carinhosa. Alunos e Professores ouviram a palestra do Grão-Mestre, ao término da qual houve um "pinga-fogo" esclarecendo e ampliando vários pontos do assunto exposto e dissertado.

A Diretoria do Colégio Divino Mestre ofereceu uma saborosa merenda aos maçons visitantes.

Como os maçons do GOIPE têm conhecimento, temos recebido estudantes nas Sessões Magnas do GOIPE e nas datas magnas. Agora, fomos ao Colégio, ampliando assim a maneira de mostrar à comunidade o que é a maçonaria e a sua contribuição para "a felicidade das pessoas". A juventude dos colégios precisa saber e conhecer o que "os escribas venais" omitiram da história, ao escrevê-la, tentando não colocar na memória de nossa gente, o que a maçonaria de Pernambuco fez para que existisse a Pátria/Brasil.

Vejamos o texto do que foi dito aos estudantes do Colégio Divino Mestre:

Irm ACF

 A INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA
NA INDEPENDÊNCIA DO  BRASIL
              
           Irm Antônio do Carmo Ferreira
“... eu estou aqui, vivendo este momento lindo” RC
Estamos nos aceiros das comemorações do “Dia da Pátria” – 7 de Setembro.
O mui respeitável mestre maçom José Américo Soares, Diretor da Escola Superior de Filosofia Maçônica “Arruda Câmara”, atendendo a convite da Direção deste Colégio “Divino Mestre”, escalou-me para comparecer a este Encontro e, na oportunidade, falar a respeito da “influência da maçonaria na Independência do Brasil”.
Repasso aos Senhores Diretores e Professores deste educandário, bem como a seus alunos aqui presentes,  o sentimento de alta consideração com que se viu cumulado o Grande  Oriente Independente de Pernambuco – GOIPE, perante esta convocação de seu Grão-Mestre, para participar deste Encontro e se pronunciar sobre o tema estabelecido.
Os registros de que dispomos a respeito da Independência foram inseridos na História do Brasil, a partir de uma produção elaborada no Rio de Janeiro (1).
E saíram aos modos do enfoque daquela porção do Brasil, querendo passar a idéia de que nossa emancipação política teria sido um presente da dinastia Bragança, por iniciativa própria gestada na magnanimidade de seu representante, tudo sem qualquer  pretensão dos brasileiros nem, por isto, oferecido qualquer sacrifício de algum deles.
Farsa esta que, decerto e ao curso do tempo decorrido, foi revelando os vários crimes que nessa omissão proposital tiveram origem.
A América inglesa já independente e o mesmo trato sendo dado à América espanhola inspiravam sobretudo os nativos da América portuguesa a buscarem os mesmos caminhos.
Os anseios de se construir uma pátria para os brasileiros mais se acentuavam à medida que se tomava consciência da humilhação e do descaso com que o colonizador tratava o povo colonizado.
Brasileiro, por exemplo, era o ladrão de pau brasil que o vendia na Europa. Reinol era a pessoa que há mais de 250 anos extorquia as riquezas da colônia. Mazombos eram os que aqui haviam nascido.
Ao término do terceiro século após o descobrimento, ainda era proibido ter-se na colônia uma simples  e  rudimentar  tipografia (2).  
A  população daqui,  desprovida das possibilidades de demandar a Europa, não era totalmente ignorante, porque a caridade dos jesuítas havia acudido alguns nativos com a luz das primeiras letras.
Só os que tivessem freqüentado escola na Corte obtinham emprego público entre nós.
Mas, naquele tempo, os Estados Unidos já contavam com 8 Universidades e a América espanhola desfrutava de universidades no México, em Lima, Bogotá, Córdoba, Caracas, Quito e Santiago. (3)
O movimento nativista no sentido de se construir uma pátria para os brasileiros foi a reação. E não poderia ser diferente.
No inverno de 1796, a maçonaria ingressou no Brasil para ajudar na consecução desse objetivo: ser nação.
O Areópago de Itambé foi o portal de acesso e, como tal, o berço da maçonaria brasileira.  Manuel Arruda da Câmara, seu fundador, ex-frade carmelita de Goiana (frei Manuel do Coração de Jesus), formado médico e iniciado na maçonaria em Montpelier, foi seu primeiro Venerável Mestre.
O Areópago se propunha a doutrinar o povo para a grande obra de nossa emancipação política e, dentro das possibilidades de então, alcançou o objetivo (4).
Não havia partidos políticos organizados naqueles tempos e a maçonaria, a seu modo com as limitações que lhe eram peculiares, cobria essas funções (5).
A “conspirata de suassuna”, de 1801, deu  prova disto. Por aquele intermédio, propunha-se a tornar a colônia independente sob as bênçãos de Napoleão Bonaparte.
A família dos Cavalcanti de Albuquerque, senhores do engenho Suassuna, foram responsabilizados pela liderança do movimento, presos e seus bens disponibilizados em favor da Coroa.
Salvou-a da devassa a Igreja, em que, para lograr êxito, gastou rios de dinheiro, corrompendo o escrivão representante de Sua Majestade.
Para muitos dos historiadores, a “conspirata de suassuna” teria marcado o início robusto da revolução demandante de nossa maioridade política.(6)
Seus líderes são os mesmos que figuram no quadro de integrantes do Areópago de Itambé, o qual cerrava suas portas, ao mesmo tempo em que a “conspirata” era denunciada.
Seus quadros formaram a Academia de Suassuna, que funcionava na sede do engenho de mesmo nome, sob o Veneralato do Cel Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, que tempos depois veio a ser o Visconde de Suassuna, e a Academia do Paraíso, que funcionou no Hospital de mesmo nome, onde hoje passa a Avenida Dantas Barreto, e dela foi Venerável o Padre João Ribeiro.
As duas Academias não eram senão Lojas maçônicas que então funcionavam com esses títulos de academia, para não serem flagradas como Lojas Maçônicas.
O Frei Caneca foi iniciado na Academia de Suassuna (7) e o Mons Muniz Tavares, na Loja Academia do Paraíso, da qual foi secretário.(8)
Em 1814, Pernambuco contava com uma Grande Loja Provincial(9) – Potência Maçônica precursora no País – constituída por cinco Lojas (10): a saber: a Loja Maçônica Pernambuco do Oriente do Venerável Domingos José Martins; a Loja Maçônica Pernambuco do Ocidente do Venerável Antônio Gonçalves Cruz (o Cabugá): a Loja Maçônica do Venerável Antônio Carlos de Andrada (conhecido como Academia Ambulante): e as duas Lojas Academias de Suassuna e do Paraíso.
Domingos José Martins era natural do Espírito Santo e foi iniciado na maçonaria, na Inglaterra, por intermédio do Grão-Mestre Hipólito José da Costa, fundador e editor do Correio Braziliense que, de Londres, era remetido  ao Brasil e fomentava o movimento da Independência.
Os maçons desejavam seguir a linha adotada na emancipação da colônia inglesa e das colônias espanholas, na América, isto é, a opção não era monarquia e, sim, república.
Em 1710 já se pensava assim, daí em 10 de novembro daquele ano, em Olinda, o primeiro grito de república nas Américas, a prisão de Bernardo Vieira de Melo e sua morte nos calabouços de Limoeiro, nas cercanias de Lisboa.
A revolução republicana de construção de uma pátria para os brasileiros eclodiria no dia 6 de abril de 1817, em toda a colônia, data em que se daria a coroação do Rei. Mas a prisão do militar Domingos Teotônio Jorge, aqui no Recife,  antecipou a deflagração  da Revolução para 6 de março.(11)
Vitoriosa a Revolução, implantou-se a República, com constituição, ministérios, universidade, abolição da escravatura, liberdade religiosa e de imprensa.
O Presidente da República – Domingos José Martins - e seus Ministros eram maçons, excetuando o titular da agricultura – Manoel Correia, o qual somente veio a ser maçom tempos depois.
A Revolução durou 75 dias e se exauriu com a brutal repressão da dinastia Bragança, que mandou matar quase toda uma geração formada na Europa e no Seminário de Olinda, remetendo os poucos sobreviventes para os calabouços de Salvador, onde e de cuja desgraça se alegrava o Conde d´Arcos.
Pernambuco sofria a primeira mutilação de seu território, perdendo as férteis planícies das Alagoas. Todavia,  o que não esperavam os Braganças, é que se tornava irreversível a Independência do Brasil, graças à liderança maçônica pernambucana, com e sem batina.(12)
Porquanto os ânimos não  arrefeciam. O objetivo teria que ser alcançado, pois a maçonaria, de então, viera para o fomento da construção de uma pátria para os brasileiros.
Não era como a maçonaria de hoje: que favorece a atuação numa linha mais filantrópica.
Era uma maçonaria totalmente política. E ninguém ingressava em seus quadros, sem o juramento de que iria trabalhar em favor de nossa Independência (13).
Parecendo até que o sangue derramado em Pernambuco escorreu pelo Atlântico e tingiu a Guanabara ... Em 9 de janeiro de 1822, o capitão-mor José Joaquim da Rocha, maçom da Loja Comércio e Artes, de Niterói, e presidente do Clube da Resistência, em companhia de outros proeminentes maçons fluminenses, convencem D.Pedro a decidir em favor de sua permanência no Brasil.
E diante da pressão que sofria da Corte, para que retornasse imediatamente a Lisboa, assina a decisão e anuncia ao povo: “Eu FICO” entre vós. Eram os últimos instantes da tenebrosa noite  da colonização.(14)
No mês de maio de 1822, José Bonifácio de Andrade e Silva ingressa na maçonaria. E no mês de julho, dia 13, é a vez de Dom Pedro ser iniciado na Ordem.
No dia 02 de agosto de 1822, o Príncipe Regente foi eleito Grão-Mestre da Maçonaria, em Sessão presidida por Joaquim Gonçalves Ledo que integrava a Loja Maçônica Comércio e Artes e o Clube da Resistência.
No dia 20 de agosto, em reunião maçônica presidida por Gonçalves Ledo, segundo consta, decidiu-se pela proclamação iminente da Independência.
O que veio a acontecer, em São Paulo, às margens do Ipiranga, no dia 7 de Setembro, “raiando, enfim, a liberdade no horizonte do Brasil”, “vendo-se contente a mãe gentil”, em face do “grito” de um seu filho: o Grão-Mestre da Maçonaria, que em dezembro seguinte era coroado Imperador, dentro de uma inesquecível cerimônia elaborada pelos maçons.
A história de nossa Independência, escrita a partir do Rio de Janeiro, foi omissa, deixando de creditar a maçonaria pela contribuição decisiva para  que a emancipação política acontecesse (15).
Os maçons têm lutado pela inserção destes créditos, pois isto é a verdade e é a memória. Mesmo porque “a vida não é a que a gente viveu, mas a dos feitos que não se esquecem” (16).
Registro, com satisfação, que algo já se tem conseguido no campo das inserções, porém muito ainda não foi consignado. Então a exigência permanece.
E quando a denuncia é feita perante um fórum da qualificação deste, povoado de jovens, conscientes de seu papel de construtores dos amanhãs de nosso Brasil, o denunciante se emociona, como eu, agora,  “quando estou aqui”, com os Senhores, “vivendo este momento lindo”.
Muito obrigado.
______________
(1) Evaldo Cabral de Melo, em “A outra Independência”, pág 11, Editora 34 Ltda, São Paulo.
(2) Xico Trolha, em “Itambé, Berço Heroico da Maçonaria no Brasil”, pág  120, Editora Maçônica A Trolha Ltda, Londrina/PR.
(3) Amaro Quintas, em “A Revolução de 1817”, págs 115 e 116, José Olímpio editora, Rio de Janeiro.
(4) Mário Melo, em “A Maçonaria e a Revolução Republicana de 1817” pags 8 e 9, Imprensa industrial  I. Nery da Fonseca, Recife/PE.
(5) Laurentino Gomes, em “1822”, pág  238, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
(6) Evaldo Cabral de Melo, em obra citada, pág 25.
      Mário Melo, obra citada, págs 13 e 14.
      Padre Joaquim Dias Martins, em “Os mártires pernambucanos”, verbete Rebelo,   Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
(7) Mario Melo, em “A maçonaria no Brasil”, pag 10, tipografia J.Agostinho Bezerra, Recife/PE
(8) Mario Melo, obra citada, pág 13
(9) Mario Melo, obra citada, pag 14
(10) Flávio Guerra, em “História de Pernambuco”, pag 89, Editora ASA Pernambuco, Recife/PE.
(11) Amaro Quintas, obra citada, pag  94
(12) Muniz Tavares, em “História da Revolução de Pernambuco de 1817”, com anotações do historiador Oliveira Lima, edição do Governo do Estado de Pernambuco , Recife/PE em 1969.
“A Revolução de Pernambuco em 1817, bem que mui pouco durasse, fará sempre época nos anais do Brasil. Tempo virá em que seis de março, no qual ela foi efetuada, será para todos os brasileiros um dia de festa nacional.
“Pernambuco já se tinha assaz ilustrado na sanguinolenta luta, que por longo  decurso  de  anos,  desprovido  de meios,  abandonado  a  si  só, valorosamente sustentara contra uma das mais poderosas nações marítimas da Europa, defendendo a sua honra, o seu território, a despeito das reiteradas ordens do tímido Bragança.
“Com a Revolução indicada conquistou imprescritível direito à veneração dos amigos sinceros da liberdade. Estes não poderão  esquecer jamais que foi esta província quem primeiro deu o sinal ao Brasil de ter chegado o momento tão suspirado de entrar no gozo dos bens imensos, que a cobiça portuguesa por espaço de três séculos extorquia. Foi ela quem lhe apresentou a grande Carta de emancipação civil e política, e mostrou com o exemplo a maneira de possuí-la.
“Desgraçadamente não foi seguida, sucumbiu, mas não pereceu o germe plantado e regado com o sangue dos seus mártires. Em tempo oportuno frutificou, e não deixará de crescer com vigor.”
(13) Mario Melo, em “”A Maçonaria no Brasil”, inserto no livro Maçônico do Centenário, pags 197 e 198., apud  A Tenório d´Albuquerque, em “A Maçonaria e a Independência do Brasil”, pag 137, Editora Aurora, Rio/RJ
(14) A Tenório d´Albuquerque, em obra citada, págs 82, 83, 105, onde transcreve textos dos historiadores Assis Cintra, Salomão de Vasconcelos e Afonso de Taunay, nos quais inclusive denunciam José Bonifácio como contrário à Independência.
(15) Gonçalo Mello Mourão, em “A Revolução de 1817 e a História do Brasil”, Editora Itatiaia Ltda, Belo Horizonte/MG.
“A Revolução de 1817 criou o Brasil a nível internacional como entidade independente  e com começa a história diplomática brasileira.
“A cobertura que o Times dá ao acontecimento da Revolução de 1817 em Pernambuco é excepcional; maior do que a que daria, cinco anos mais tarde, à própria Independência do Brasil, e deixa patente a magnitude da repercussão daquele levante.”
Antônio do Carmo Ferreira, em “O Areópago de Itambé”, Editora Maçônica A Trolha Ltda, Londrina/PR.
(16) Gabriel Garcia Marques, vide Antônio do Carmo Ferreira, em “Educação e Maçonaria”, pag 123, Editora Maçônica A Trolha Ltda, Londrina/PR.

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